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Há de se considerar a hipótese de que grande parte das pessoas acredita ser o psicólogo um “médico da cabeça”. É também um estigma carregado pela profissão que psicólogo é para os loucos. Temos que pensar antes disso o que é ser louco e o que é ser normal. Para definir o que é louco, há de se definir o que é normal. Este não é o intuito deste escrito, mas, como diz Caetano Veloso “visto de perto ninguém é normal” (fica a dica).
Há outro fator importante a ser considerado. A psicologia é uma ciência que, felizmente ou infelizmente, carrega consigo características de um modelo médico (essa visão tem sido mudada aos poucos. Ainda bem!). Quantas são as pessoas que consultam um médico antes de ficarem doentes? Quantas são as pessoas que procuram um médico com o intuito da prevenção? Acho que uma minoria.
Voltando essas questões para o âmbito da psicologia, quantas são as pessoas que desejam procurar um psicólogo e não o fazem por considerarem o psicólogo um médico para os loucos? Fazer isso seria levar em conta a própria loucura e ninguém quer assumir para si a própria “insanidade”. Mas fica a questão: o que seria insanidade e sanidade? Isso nem Freud conseguiu explicar (e olha que explicou e ajudou a explicar muitas coisas).
O fato é que não se precisa procurar um psicólogo apenas quem está “doente da cabeça”, como diria o senso comum. As pessoas (todas elas) vivem conflitos dentro de si e o psicólogo é o profissional que pode auxiliá-las a encontrar a solução para tais conflitos. Quem nunca teve dúvidas na vida? Uns as vivem mais, outros menos.
O psicólogo não é um bruxo que vai resolver tudo na vida de alguém. Mas no setting terapêutico ele instiga o sujeito a pensar e repensar situações de sua vida, através de técnicas que essa ciência se esforça em aperfeiçoar. E dá resultados! Não é preciso “chegar ao fundo do poço” para se procurar um psicólogo.
O mais interessante em uma situação de psicoterapia é quando o próprio cliente procura o psicólogo. Isso pode ser um indicador de sua “sanidade” (entre aspas porque não existe sanidade nem insanidade). Isso também pode ser um indicador do desejo de uma mudança. Muitas pessoas tem medo de mudar, pois mudança gera incertezas e ameaças de sair da zona de conforto. Quando as pessoas querem mudar e não sabem ao certo o caminho a seguir (o que é freqüente), é no que se dá a importância do trabalho do psicólogo. A partir do diálogo com um especialista ela pode encontrar as respostas que procura para sua vida. A partir desse diálogo ela pode entrar em contato consigo mesma em busca do autoconhecimento, tão necessário em uma sociedade em que as pessoas só sabem se concentrar, entre outras coisas, nas contas a pagar e em manter o emprego.
O diálogo com um especialista é diferente de um diálogo com amigos, parentes, etc. É um diálogo que possui o intuito de gerar mudança. Não que uma conversa com pessoas conhecidas não ajude alguém a mudar. Mas o diálogo com pessoas conhecidas não leva em consideração apenas o sujeito que quer mudar. O diálogo com o psicólogo, embora assim como o diálogo com pessoas conhecidas, tem afetividade, mas possui características que o diálogo com conhecidos não tem. O psicólogo (o bom psicólogo) busca ao máximo ser imparcial, neutro.
É muito importante termos pessoas com quem contar. Nossos pais, amigos, irmãos, etc., nunca serão imparciais conosco como um psicólogo é. É claro que um psicólogo leva em consideração, além de sua técnica, suas experiências de vida (o que não o torna 100% imparcial, mas o aproxima disso). Mas ele (o bom psicólogo, repito) sempre levará em consideração o sujeito sui generis que se lhe apresenta.
É muito importante termos relacionamentos com as pessoas. Nossos pais, amigos, avós, vizinhos, colegas de trabalho, enfim, eles sempre tem algo a dizer e podemos muito aprender com eles. Só que há coisas que não queremos ou não podemos conversar com pessoas queridas. E isso nem adianta insistir. Então, eis que aparece a figura de um profissional que possa ouvir, ter empatia, ser autêntico: o psicólogo.
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